segunda-feira, 1 de agosto de 2011

USO DE ANDADOR PARA CRIANÇAS. Certo ou Errado?


Ainda nos dias de hoje, existem muitas opiniões a respeito do uso de andadores para bebês e crianças. Abaixo, vou publicar alguns artigos interessantes:




Crianças podem usar andadores?
O grande erro dos pais – em seu total desconhecimento - é achar que o andador ajudará a criança a começar a andar. Isso não é verdade. O andador traz prejuízos no desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê.

Por que será que não é bom?
Os motivos são diversos. Vejamos alguns:

1. A criança desde o nascimento passa por etapas do desenvolvimento em que cada fase serve de base para a próxima. Primeiro sustenta a cabeça, depois rola o corpo para os dois lados, arrasta-se de barriga para baixo, senta-se com apoio, depois sem apoio, engatinha (alguns não passam por esta etapa – ver: http://gustavofisio.blogspot.com/2011/02/meu-minha-filhoa-nao-engatinha-ou-nao.html), ficam em pé para então iniciar os primeiros passos.

2. Em todo desenvolvimento motor a criança explora o ambiente e os objetos à sua volta, desenvolvendo paralelamente o aspecto neurológico. O bebê irá interagir com os objetos a sua volta, irá  observar as ações dos adultos e imitá-los.

3. O andador força a criança a saltar várias destas etapas essenciais para o seu desenvolvimento. Impede a criança experimentar as quedas naturais do início da aprendizagem de andar, assim, a aquisição do equilíbrio é limitado e pode ainda deformar a estrutura óssea da perna.

4. Por saltar etapas, o andador atrasa o início da marcha. Se o bebê é pequeno para o andador, usará somente as pontas dos pés para movimentar-se, o que poderá causar alguns problemas ósseos, musculares e tendinosos, além do atraso da marcha, dentre outros.

5. Falsa liberdade - A sensação de liberdade que o andador oferece é ilusão. O andador não deixa a criança explorar adequadamente o espaço em que está. Um simples objeto no chão que desperte a atenção do bebê passa a tornar-se algo inalcançável para o pequeno, pois o andador não oferece condições para que ele chegue à peça.

6. O bebê que não usa o andador poderá sentar-se no chão, engatinhar ou apoiar-se nos móveis até chegar ao objeto desejado. Lembre-se: enquanto manuseia objetos e brinquedos, o bebê está desenvolvendo suas capacidades motoras e cognitivas.

7. Os acidentes que podem provocar graves lesões nas crianças são outro problema relacionado ao uso do andador. Os acidentes mais comuns são as quedas quando as crianças usam os pés para se impulsionarem para trás e batem com a cabeça, e ainda as quedas em degraus.

De tão prejudiciais e perigosos para as crianças, a venda de andadores em países como o Canadá já é proibida desde 2004.

9. Dados britânicos também mostram que o andador é o equipamento infantil que mais provoca acidentes e lesões, em especial devido à velocidade que os bebês podem atingir.

A maioria dos acidentes acontece quando o bebê se choca em alguma coisa, encontra um degrau ou um obstáculo e o andador vira. Um simples sapato ou brinquedo no meio do chão já pode causar esse tipo de acidente. Em geral, a primeira parte do corpo do bebê a ser atingida em um acidente com andador é a cabeça, podendo haver traumatismos cranianos de diversas proporções - desde leves, sem conseqüências, até bem mais graves e, em casos extremos, fatais.

10. Outro perigo é a falsa sensação de segurança que o andador transmite a quem está tomando conta da criança. Como ela está presa no andador, as pessoas tendem a deixá-la por mais tempo sozinha, quando na verdade deveria acontecer justamente o contrário. O bebê provavelmente fica mais seguro se está no chão, desde que o ambiente tenha sido preparado para ele.

11. Os estímulos proporcionados pelo andador são inadequados quando comparados com aqueles mais instintivos dados pelos pais que acompanham a criança nos seus primeiros passos.

12. Algumas crianças que utilizam andador por muito tempo tornam-se mais inseguras no momento em que precisam andar sem qualquer apoio, demorando mais tempo ainda para poder andar sozinhas.

Se você quiser mesmo usar um andador, leve em conta que eles só são adequados para bebês de mais de 9 meses, que já sentem e engatinhem, e que a criança deve ficar sob vigilância máxima quando estiver nele. Além disso, o tempo de uso precisa ser limitado.

Melhor mesmo é deixar o bebê explorar e se divertir no chão. 




TEXTO PUBLICADO NO SITE DA SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO 

O mito dos andadores

O andador consiste numa base com rodas que suporta uma armação rígida que apóia um assento com aberturas para as pernas e geralmente possui uma bandeja plástica.
Os pais acreditam que, ao usar o andador, a criança estará segura e alegam várias razões para seu uso, como: manter a criança quieta e feliz, encorajar mobilidade, estimular a marcha, fazer exercícios e contê-la enquanto está se alimentando.
Andadores são perigosos! Mesmo com supervisão, a maioria dos acidentes acontece enquanto um adulto está cuidando da criança.
O exemplo do Canadá deveria ser seguido, onde a venda está proibida desde abril de 2004.
A maioria dos modelos disponíveis no mercado possui rodas pequenas, bordas cortantes ou arestas afiadas. 

O que pode acontecer de errado do ponto de vista físico:
1.    A criança pode virar o andador para trás, quando apóia os pés no chão e impulsiona o corpo para trás, e bater a cabeça no chão ou na parede;
2.    A criança pode apoiar os pés no chão de maneira inadequada, dobrando o dorso dos pés para trás, correndo o risco de provocar lesões nos dedos dos pés e na região do tornozelo.

Acidentes que podem acontecer com a criança no andador:
1.    fraturas e traumatismos cranianos, ao rolar uma escada para baixo;
2.    queimaduras e ferimentos cortantes, por conseguir alcançar alturas mais elevadas, pegar um copo, um talher em cima da mesa ou panelas no fogão;
3.    afogamento, ao cair numa piscina, banheira ou balde;
4.    envenenamentos, devido ao acesso aumentado a produtos químicos e de uso domiciliar.
A maioria dos acidentes mais graves decorre de quedas em escadas, degraus e desníveis de piso.

RECOMENDAÇÕES:
1.    aquisição de andadores não é recomendada, por representar risco de lesões graves em crianças pequenas e por não haver benefício algum em seu uso;
2.    Modificações na estrutura dos andadores para prevenir quedas de escadas (mais largos do que a passagem das portas ou mecanismo de freio para parar quando uma ou mais rodas inclinam-se para baixo) tornam seu custo mais alto e não são eficientes em prevenir os acidentes;
3.    Mecanismos de proteção de escadas, como portões em cima e em baixo não costumam prevenir as quedas;
4.    Creches, escolinhas e hospitais não devem permitir o uso de andadores;
5.    Centros de atividades infantis disponíveis no mercado, onde a criança pode saltar, girar e virar, eliminam o risco de quedas de escada e são mais seguros que os andadores;
6.    Todos aqueles que possuem andadores deveriam ser encorajadas a levá-los a locais onde seriam destruídos e seus materiais reciclados.
“MANTENHA SEU FILHO SEGURO... JOGUE FORA O ANDADOR”

Relatora: Dra. Renata Dejtiar Waksman
Vice-presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP – gestão 2007-2009; Coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra a Criança e o Adolescente da SPSP; Pediatra do Departamento Materno-Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.

Texto original divulgado em 2005.
Texto atualizado em 16/08/2007.


SUGESTÕES:

           Se realmente você deseja presentear, estimular ou mesmo ver a alegria de seu (sua) filho (a) com um novo brinquedo, eu sugiro um outro tipo de andardor,  no qual a criança empurra o equipamento (como um carrinho), e não fica "presa", sentada nele.  
      Este equipamento irá estimular o equilíbrio, fortalecer a musculatura de tronco, melhora as reações de proteção, evitando que a criança fique "dependente" fisicamente do andador, ou tenha acidentes, alterações musculares, ósseas e tendinosas (dentre outras complicações já citadas), pois com esse andador de empurrar a criança pode variar suas posturas, ficando em pé, pode largar o andador e abaixar-se para pegar algum objeto no chão, voltar a segurar no andador e se locomover, estimulando toda a sua psicomotrcidade.